A mente por trás dessa verdadeira obra de arte é a do jovem florense Augusto Estima, um artista que já merece ser lembrado entre os grandes do Sertão. Seu talento, seu olhar apurado e sua capacidade de contar histórias através da cultura popular transformaram o festival deste ano em um espetáculo inesquecível.
O carro veio encabeçado pelo próprio Padre Cícero, sim, ele mesmo, personificado, de cabelos brancos, como é lembrado nos últimos anos de sua missão. Rodeado de ex-votos anatômicos como as que se encontram na famosa ala da Casa de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, mãos, braços, pernas, símbolos de milagres e promessas cumpridas. Uma igreja ao fundo compunha a cena, e o carro seguia acompanhado de uma romaria simbólica: mulheres devotas, vaqueiros, e até Lampião, personagem controverso da história nordestina, mas cuja ligação com Padre Cícero é conhecida e debatida até hoje.
Não era apenas um carro de boi. Era um cortejo histórico, cultural, espiritual. Uma aula sobre o Sertão, sobre fé, sobre o povo nordestino.
Augusto Estima não apenas criou uma alegoria bonita. Ele estudou, pesquisou, mergulhou nas fontes da cultura popular para construir um paralelo entre a vida real e a representação artística. E mais: produziu um vídeo em que compara sua obra com imagens históricas de Juazeiro do Norte e de Padre Cícero, provando que cada detalhe foi pensado, estudado e cuidadosamente executado.
O resultado não poderia ser diferente: campeão com mérito absoluto.
Mas mais do que vencer o festival, Augusto venceu pelo que entregou ao público. Um trabalho de amor, de respeito às tradições, de valorização da cultura sertaneja. Uma homenagem não só ao Padre Cícero, mas a todo um povo que guarda essa história viva na memória e na fé.(Viajuniorcampos)