A inflação de alimentos, os juros altos em cartões de crédito e empréstimos bancários, a corrosão do poder de compra, somados a quatro anos sem aumento real de salários, mostram um consumidor cada vez mais enrolado e tendo que escolher qual conta pagará no fim do mês, a comida ou a conta de luz.
De acordo com os dados do Mapa da Inadimplência e Renegociação das Dívidas do Serasa, as famílias estão atrasando o pagamento de contas de serviços essenciais. O grupo representou, em agosto, 24% das dívidas dos brasileiros, número recorde desde o início da série, em 2019. Segundo o relatório, as contas de necessidades básicas representaram um crescimento significativo entre os elementos das dívidas em 0,53 p.p, desde o início do ano são 2,93 p.p de aumento neste setor.
Fernando Lamounier, educador financeiro e sócio diretor da Multimarcas Consórcios, explica que, “para o brasileiro, a instabilidade econômica do país é o agente dificultador de um padrão de vida financeira saudável para o cidadão comum”. “A alta inadimplência deve-se à situação dos salários baixos e desemprego elevado”, completa.
Valor médio das dívidas também subiu
O número de inadimplentes pelo país voltou a subir após dois meses em queda, somente no mês passado mais de 320 mil novas pessoas estão sem conseguir pagar suas dívidas. O valor médio das dívidas, por pessoa, subiu 0,5% passando para R$ 4.948. Uma pesquisa do Serasa mostrou que alguns brasileiros escolhem quais contas vão atrasar e que mais da metade possui dois ou mais cartões de crédito por pessoa.
O Rio de Janeiro é o estado com maior número de pessoas endividadas, 53,17% da população adulta no estado está com débitos em atraso, percentual acima da média nacional, que é de 42,56%. Mais de 7,2 milhões de fluminenses estão inadimplentes e o valor médio para cada um ultrapassa os R$ 5 mil.
Lamounier aponta que o cartão de crédito é visto como um valor adicional ao orçamento mensal dos brasileiros e os juros pioram o cenário. “As pessoas vêm utilizando a modalidade para compras do dia a dia e a capacidade de parcelamento levou-as a acreditar que ao dividir uma compra a dívida fica menos, quando na realidade, antecipa as dívidas do próximo mês”, aponta.
Amapá, Amazonas, Mato Grosso e o Distrito Federal ultrapassam a barreira de mais da metade da população com dívidas atrasadas. Na capital federal, por exemplo, mais de um 1,2 milhão de moradores estão inadimplentes e somam dívidas que chegam a R 9,5 bilhões, com média de R 7,4 mil para cada um. Isso representa 52,45% da população adulta na unidade federativa, percentual acima do índice nacional, que é de 43,88%.
Dicas para se organizar financeiramente:
- Mapear renda total, isto é, salário e rendas extras;
- Separar as despesas fixas no seu orçamento, como aluguel, condomínio, internet e contas de serviços públicos (água, luz, gás);
- Esquematizar as despesas variáveis como alimentação, transporte e gastos com saúde;
- Organizar dívidas e pagamentos, como parcelas de empréstimos e cartão de crédito.
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