
O atrito público com Lula esteve entre os assuntos da entrevista concedida pelo senador ao Amarelas On Air desta semana. A esta colunista, Moro reagiu com força às declarações recentes do presidente, dizendo suspeitar que ele estivesse por trás de uma “armação” ligada ao plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) assassiná-lo. O ex-juiz mencionou outras falas do presidente – como a de que a Ucrânia teria parte da responsabilidade pela guerra travada contra a Rússia – para sustentar a tese de que o governo petista opera com base na propagação de fake news.
“Cadê a decência presidencial em afirmar esse disparate, de que um senador seria responsável por essa ação, uma fantasia?”, afirmou Moro, comparando-se a Joseph Welch, defensor do Exército norte-americano nos 50, que protagonizou um embate com o então senador Joseph McCarty no qual lhe cobrou decência. O confronto dramático entre Welch e McCarty é tido como um dos acontecimentos históricos que marcaram a derrocada da caça aos comunistas liderada pelo senador.
Ao se queixar também das críticas do ministro da Secretaria de Comunicação do governo, Paulo Pimenta, à juíza Gabriela Hardt, responsável pelo caso, Moro acrescentou: “No fundo o que a gente vê, desculpe, é um governo que mente à população, que é um produtor de fake news – veja o exemplo do presidente da República falando que a Ucrânia é responsável pela guerra. Enfim, paradoxalmente, é o mesmo governo que quer regular as redes sociais”.
Moro também voltou a falar sobre a briga pública com o ministro do Supremo Tribunal Gilmar Mendes, cujo capítulo mais recente resultou numa denúncia da Procuradoria-Geral da República por calúnia. A ação toma por base um vídeo em que Moro brinca sobre “comprar um habeas corpus” do ministro. Ao rebater também a entrevista do ministro do STF ao Amarelas On Air, o senador engatou: “Eu não tenho nenhum interesse em ficar brigando com o Supremo ou com o ministro Gilmar Mendes. Infelizmente, ele veio aqui e fez essas ofensas gratuitas”, afirmou.