Ex médico volta a 'ver o sol quadrado' mais uma vez

O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a mais de 173 anos de prisão pelo estupro de pacientes, voltou nesta sexta-feira (30) para a penitenciária em Tremembé, no interior paulista, após a Justiça revogar a prisão domiciliar dele, na quinta-feira (29). O G1 confirmou que ele chegou na P2 às 19h40.

Ele estava em prisão domiciliar desde maio, quando a Justiça considerou que o estado de saúde dele exigia cuidados que não seriam possíveis no hospital penitenciário onde cumpria pena.

Antes de voltar à prisão, ele passou por exame no Instituto Médico Legal na capital. A defesa de Abdelmassih foi procurada pela reportagem, mas não quis comentar a decisão da Justiça.

A revogação da prisão domiciliar atendeu a um pedido do Ministério Público, feito pelo promotor Luiz Marcelo Negrini, que ressaltou que a situação clínica de Abdelmassih não exige tratamento de saúde em casa.

Idas e vindas da prisão

O ex-médico estava em prisão domiciliar desde 19 de abril de 2020 por ser considerado integrante do grupo de risco de contrair a Covid-19. A decisão que concedia o benefício a ele foi revogada no dia 28 de agosto pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo.

O TJ atendeu a um recurso do Ministério Público (MP), afirmando que não há nenhum cuidado que o ex-médico precise que não possa ter na cadeia. O MP alegou que recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) citada na decisão pela juíza, que aborda medidas preventivas à propagação da Covid-19 nas prisões, não pode ser usada para autorizar a “soltura desenfreada de presos”.

Segundo o MP, a decisão de conceder prisão domiciliar a Abdelmassih não considerou a possibilidade de ele ficar isolado dentro da unidade prisional onde cumpria pena.

Para os desembargadores, a pena de prisão pelos crimes sexuais aos quais Abdelmassih foi condenado, o fato de ele já ter simulado uma doença, não autorizam a progressão da pena.

Condenado por estupro

Roger, que era considerado um dos principais especialistas em reprodução humana no Brasil, foi condenado a prisão em novembro de 2010. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder em liberdade.

O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia até ser preso em 2014 no Paraguai.

Em 24 de maio de 2011, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) cassou o registro profissional de ex-médico de Abdelmassih.


Fonte: G1 - Publicado por: Gerlane Neto