Mortes por data real: Março teve os 25 dias mais letais da pandemia

Mulher chora sobre caixão, em Brasília; pelo menos 45.000 pessoas morreram de covid em março, pela data real da morte Sérgio Lima

Dados preliminares do Ministério da Saúde mostram que março de 2021 foi, com folga, o mês com mais mortes por covid-19 no Brasil. Levando em conta os números de mortes pela data real, os 20 dias mais letais da pandemia foram registrados no último mês. O boletim da pasta ainda tem dados pendentes para os últimos dias de março.

As informações sobre a data real das mortes são atualizadas uma vez por semana. Em fins de semana e feriados, por exemplo, os dados de mortes confirmadas costumam ser consideravelmente menores do que em dias úteis, já que algumas secretarias estaduais de saúde têm dificuldade para compilar os números e encaminhar ao Ministério da Saúde.

O intervalo do 21º ao 25º dia mais letal corresponde aos dias 1 a 5 de março. De 26 a 29 de março, os dados foram suprimidos pelo delay da atualização.

O boletim divulgado na 5ª feira (1º.abr.2021) retrata os dados compilados pelo Ministério da Saúde até 29 de março. Eis a íntegra (9 MB).

Os números são preliminares. As autoridades levam meses para determinar quando as mortes aconteceram de fato: 10.482 das mais de 313 mil mortes confirmadas até 29 de março permanecem sem data conhecida.

A pasta ainda registrou mais 14.340 mortes desde então –de 30 de março a 2 de abril. O país soma 328.206 mortes até 6ª (2.abr.2021).

Além do recorde acumulado, o país teve pela 1ª vez um dia com mais de 2.000 mortos pelo coronavírus. A barreira foi quebrada em 2 dias seguidos, 16 e 17 de março, sendo o 2º o pico até o momento. Foi uma 4ª feira com 2.033 vidas perdidas pela covid-19. A tendência é que a próxima atualização do ministério indique outras datas do mês com mais de 2.000 mortes.

CURVA MAIS ÍNGREME

Excluindo 30 e 31 de março, ainda sem os dados, março de 2021 representou a morte de 45.205 brasileiros pela doença. O recorde já havia sido confirmada no balanço da semana anterior, mas agora dá uma dimensão da força da 3º onda da pandemia.

Antes, o mês mais letal considerando a data real das mortes era maio de 2020. Foi o pico da 1ª onda, cerca de 2 meses depois do vírus chegar ao Brasil. O resultado: 33.107 mortes registradas em 31 dias. Ou seja, as mortes cresceram pelo menos 36,5% na comparação de maio a março –com 2 dias a menos. À época, o pico de mortes diárias era de 1.181, em 22 de maio. Foi batido no 1º dia de março e também superado nos demais.

Na comparação com o mês anterior, fevereiro, a alta foi de 70,8%. Considera 1 dia a mais, mas os dados de fevereiro estão mais consolidados.

A trajetória da média móvel de mortes por data real é similar. A curva se acentuou drasticamente a partir do final de fevereiro. No gráfico, a alta se compara à do início da pandemia até o pico de maio. O que agrava a situação da 3ª onda é o menor tempo para a escalada de mortes.

Em laranja, está a média de mortes por data real. A curva cai bruscamente nos dias finais porque o número de dados analisados pelos técnicos nesse período é reduzido.

Antes da queda, porém, é possível observar a trajetória ascendente da média.

Em azul, a média de mortes por data de registro –que são divulgadas nos balanços diários do Ministério da Saúde. Em 29 de março, atingiu o pico, com 2.634. Continuou crescendo até 1º de abril, quando chegou a 3.117. Para efeitos de comparação, os números de registro depois de 29 de março não foram incluídos no infográfico. (Do Poder360)