A média mensal de 6.000 shows e eventos com música cancelados no país, há mais de um ano, por causa da pandemia de coronavírus, causou um efeito devastador na classe artística nacional.
Milhares de músicos, cantores e funcionários de bandas em todo o país estão em situação desesperadora, cheios de dívidas, quando não já na linha de pobreza.
Eles só têm sobrevivido por causa das doações ou ajuda de parentes e amigos.
Desde o ano passado, bandas inteiras e artistas já abandonaram a carreira e venderam seus instrumentos e equipamentos, como esta coluna publicou no ano passado.
O auxílio emergencial foi a fina tábua de salvação para muitos artistas e seus funcionários, mas nem sequer isso eles têm mais. O clima é de tristeza, revolta e desesperança.
Trocou o palco pelo fogão – Famosa e querida cantora de forró no Nordeste, ex-vocalista do grupo Noda de Caju, Iara Pamella, 39 anos, estava seguindo uma carreira solo vitoriosa até o início de 2020, quando a pandemia “fechou” o país.
Só de aluguel ela já deve quase R$ 7.000,00. Para sobreviver, Iara tem acordado cedo e ido dormir tarde para preparar doces e salgados. É com isso que está sobrevivendo a duras penas.
Sensibilizado, o cantor Beto Barbosa a convidou para participar de uma “live”, na noite deste sábado (20), para divulgar seu trabalho e expor a situação não apenas dela, mas de toda classe.
Demissão em massa – No início do mês, a tragédia financeira chegou aos últimos funcionários da banda de Xand Avião. Todos foram demitidos porque não há nenhuma previsão de quando serão retomados os shows.
Além disso, o cantor já estava enroladíssimo e sob investigação da Receita Federal desde 2019, sob suspeita de sonegação e lavagem de dinheiro. Foi uma “tempestade perfeita”.
Bandas vendem tudo – Outra banda, a Brasas do Forró, que está prestes a completar quase 30 anos de estrada, colocou tudo à venda: já anunciou o ônibus da trupe, além de um caminhão e até um terreno.
Todos os funcionários foram demitidos e não há mais previsão se e quando o grupo voltará a se apresentar. A Brasas fazia 20 ou mais apresentações por mês antes da pandemia.
A cantora nordestina Kátia Cilene é outra que colocou dois ônibus à venda, para pagar dívidas.
O mesmo foi feito pelo cantor Junior Vianna, que não só vendeu um ônibus, mas também dezenas de touros e até um prédio para pagar os funcionários durante a pandemia. Mas, agora, o dinheiro secou.