CRÔNICA: A euforia interrompida - Por Adelmo Barbosa*

Por esse tempo, em outros carnavais, era para se estar revivendo as saudades da grande festa e a preparação para a páscoa, logo ali. Em seguida as festas de maio, mês das flores, das mães e das “rosas”. Para, logo após, vir junho com seus Santo Antônio, São João (o principal) e São Pedro, que, na verdade, começa no dia primeiro e só vai terminar lá para o dia 8 de julho, no “revivendo”, só para matar a saudade. 

Julho, mês longo. Para completar, seguido de agosto, nada menor que o anterior. Mesmo assim, ainda tem Santana e São Cristóvão, lá no finalzinho, que ajudam a esquecer a tristeza da falta das festas juninas que só voltarão depois do carnaval, da páscoa e de maio. 

Setembro e outubro sempre têm uma farrinha aqui e ali, só para não perder o costume, e dezembro, nem se fala. Pulemos então, novembro, com seu finado, mas mesmo assim sempre se produz alguma coisa, mesmo que seja um aniversário ou uma pega de boi deslocada. 

Essas, aliás, assim como as vaquejadas, acontecem durante todo o ano, e, mesmo sem ser em ordem cronológica, se espalham aqui e ali para não faltar uma baladinha onde se possa esquentar o esqueleto no frio da solidão da falta de uma festinha no ano.

Mas isso é uma fantasia passada que até parece teimar em não querer voltar mais.

Esse tempo de isola, desola a todos e interrompe a alegria da farra de quem não pode viver sem uma zoadinha. Mesmo porque, ninguém é de ferro!

É um saco isso! Além de ser assustador, é desolador e estranho. 

Na Era do 5G, que nem chegou ainda pra valer, mas que todo mundo já sabe como é (é só rackear que consegue uma beirinha), o estacionamento da vida atrapalha a correria do “vamos logo”...

Mas, para tudo! Porque o tempo parou, como disse o Poeta em seu “Stop”!. 

Negócio chato esse, de para, continua, e de, mais para do que continua.

Pensando bem, não é verdadeiramente um saco mas é, no mínimo, assustador, modorrento e... é um saco mesmo...

“A vida parou”, mas o relógio não.

Se a frenética do início do século XX foi interrompida por duas Guerras barulhentas e altamente sanguinárias, a euforia do XXI foi igualmente açodada por uma guerra silenciosa, tão assustadora e tão letal em seu instinto que não faz nenhuma inveja, lamentavelmente, à velocidade parada do tempo de há cem anos atrás.

Professor.