Manter Carnaval na pandemia seria desfilar por cima de cadáveres, diz Neguinho da Beija-Flor

Não tem Carnaval, mas tem sorriso. Neguinho da Beija-Flor, um dos maiores intérpretes do Carnaval brasileiro, está fazendo de conta que este ano sem folia é só “outro 7 a 1”. Desligou a televisão e “só volta depois da Quarta-Feira de Cinzas”.

Com a voz rouca e potente, em frente à parede cravada de prêmios no apartamento com vista para o mar em Copacabana (zona sul do Rio), ele falou para a Folha de São Paulo sobre os dias que passou internado, os amigos que perdeu para a Covid-19 e a impossibilidade de desfilar “por cima de cadáveres”.

Sobrevivendo de cachês simbólicos de lives, ele lamentou o desemprego no setor. Também comentou a criminalização do samba e do funk após a morte do neto Gabriel, 20, durante um confronto num baile no ano passado, e cita o racismo que persiste mesmo depois de 46 anos de carreira. Insiste, porém, que a vida não lhe dá motivos para silenciar o riso.