Projeto de vacinação contra Covid-19 em 4 mil farmácias é entregue ao Ministério da Saúde

O Globo

A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) enviou ao Ministério da Saúde um projeto que prevê a disponibilização de mais de 4 mil farmácias para a aplicação gratuita de vacinas contra a Covid-19. A ideia é trabalhar de forma complementar ao Sistema Único de Saúde (SUS) e aumentar o número de pessoas imunizadas diariamente contra o novo coronavírus.

De acordo com a entidade, o documento enviado ao governo federal e às 27 unidades federativas — para efeito de ciência da iniciativa —  coloca à disposição 4.573 lojas com salas de imunização e 6.860 farmacêuticos para a realização do serviço em todos os estados brasileiros. O atendimento ocorreria das 9h às 18h, com uma hora de intervalo para almoço e agendamento eletrônico prévio.

O governo federal precisaria, apenas, entregar as doses da vacina e o material para aplicação em um dos 45 centros de distribuição das 26 empresas do varejo farmacêutico associadas à Abrafarma. A logística de entrega em cada loja, assim como os custos, ficariam a cargo das redes de farmácia e drogaria.

Nada será cobrado da população que receberá as doses. Os grupos a serem vacinados nas farmácias seguirão as mesmas regras daqueles que se vacinarão nos postos de saúde, exceto que precisarão fazer o agendamento.

De acordo com Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, as farmácias teriam capacidade de aplicar mais de 2 milhões de doses por semana, seguindo todos os critérios de segurança contra a Covid-19. A entidade aguarda uma reunião com o Ministério da Saúde para conversar sobre o projeto. A pasta ainda não respondeu se tem interesse na parceria.

— Estamos colocando esse potencial de imunização bem abaixo, como margem de segurança, considerando que serão cerca de 10 vacinações a cada hora. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a capacidade é bem maior. O sistema de agendamento tem como objetivo evitar que se forme uma fila gigante em frente à farmácia, para não deixar acontecer aglomerações. É um serviço auxiliar, não temos a pretensão de substituir o SUS, afirma Barreto.

A Abrafarma já começou a desenvolver o sistema de agendamento para que — caso receba o aval do Ministério da Saúde — já inicie a aplicação das doses o quanto antes. 

As vacinas que serão aplicadas nas farmácias serão as mesmas dos postos de saúde. Segundo Barreto, os centros de distribuição e as farmácias têm geladeiras capazes de guardar vacinas, exceto as da Pfizer, que necessitam de super freezers que chegam a -70°.

— Se o governo comprar doses da Pfizer, pelo que tenho visto em comunicados, imagino que a empresa forneceria toda esta logística (de refrigeração) até faltarem cinco dias para a aplicação. Parece que o sistema de acondicionamento aguenta até 60 dias, e nos últimos cinco dias, essa vacina pode ser acondicionada em uma geladeira comum para vacinação, de 6° a 8°. Se for nessas condições, temos capacidade de aplicar a Pfizer, mas se não vier com esse acondicionamento, realmente não temos freezers especiais para  guardar, explica.

O projeto é semelhante a uma ação que já acontece durante a campanha nacional de vacinação contra a influenza, no entanto, a logística é diferente: as doses são entregues nos postos de saúde e a farmácia vai buscá-las.