Com auxílio emergencial negado, mães solteiras têm Bolsa Família cancelado


Mães beneficiárias do Bolsa Família que ficaram sem o auxílio emergencial de R$ 1.200 reclamam que uma situação que já era ruim conseguiu piorar: elas queixam-se de terem tido o benefício assistencial mensal do governo bloqueado em maio, ficando sem renda alguma.
Na última segunda-feira (18), o Ministério da Cidadania editou uma portaria determinando a suspensão das atualizações cadastrais do programa voltado a famílias de baixa renda enquanto o auxílio emergencial estiver sendo pago.
A medida também prevê que fica proibida a aplicação de ações de administração de benefícios, como o bloqueio ou suspensão do pagamento.
A interrupção, no entanto, parece ter acabado em um ‘beco sem saída’ para mulheres que teriam direito ao auxílio, ou seja, aquelas que, além de cumprir os requisitos do governo, também recebem menos de R$ 1.200 de Bolsa Família por mês. Resultado: ficaram sem um benefício a espera de outro, que ainda não chegou.
Mulheres chefes de família ouvidas reclamam da falta de orientação em como resolver o problema e temem não conseguir fazer a compra de alimentos do mês.
Recebo R$ 144 de Bolsa Família e me encaixo nas exigências para o auxílio emergencial, mas em abril não veio. Na segunda (18), tirei o extrato da Caixa esperando ver o dinheiro cair e apareceu que o pagamento do Bolsa Família estava bloqueado”, diz a dona de casa Bruna Danieli da Silva, 18 anos, de Recife (PE).
A jovem diz que, na agência do banco, foi orientada a procurar uma unidade do Cras (Centro de Referência de Assistência Social). Chegando lá, foi informada de que, no sistema, constava que o dinheiro estava liberado, mas que os Cras só poderiam fazer atualizações quando acabasse a pandemia.
Não sei mais o que fazer. Na Caixa, nem me deixaram mais entrar quando voltei, só me disseram que o problema era no Cras. Mas como que pode, se o próprio sistema do Cras aponta que o dinheiro já está disponível?”, queixa-se.
Bruna, que mora sozinha com o filho pequeno, diz que, ao ligar para o Ministério da Cidadania, recebeu a sugestão de esperar até o mês de junho para o sistema ‘regularizar’. “Como esperar?”, questiona. “A fome não espera. Meu filho está sem fralda e sequer tenho dinheiro para dar a mistura.”
Em nota, o Ministério da Cidadania diz que ainda apura o caso da jovem. A Caixa diz que a responsabilidade de análise das condições e exigências legais é da Dataprev, com homologação do Ministério da Cidadania. “O papel da Caixa se restringe ao pagamento dos benefícios aprovados”, afirma o banco.
 Fonte: agora.folha.uol