O que será o futuro depois da pandemia?


A primeira constatação sobre o que vem por aí depois da pandemia é simples, acaciana até: não dá para saber. São tantas as variáveis em jogo que qualquer previsão será frustrada. A única certeza é a mudança. Não apenas nos hábitos — e nada tão certo quanto mudanças de hábitos. Assim como nos acostumamos ao cinto de segurança ou a gastar menos energia depois do apagão, é possível imaginar um mundo em que persistam o sabão, o álcool em gel e o “distanciamento social”. Menos apertos de mão e beijinhos no rosto.
Menos eventos irrelevantes, menos viagens de avião desnecessárias ou reuniões inúteis — fala-se em economias anuais na casa do trilhão de dólares só com isso. Escritórios com pelo menos metade do tamanho atual. Mais gente trabalhando em casa, para alegria de Slack, Zoom, Teams, Webex, Hangouts, Classroom ou outros badulaques digitais de nome em inglês. Se os novos hábitos persistirem no mundo corporativo, deverá haver um salto enorme na produtividade (sei bem disso, trabalho em casa há cinco anos). As mudanças poderão se estender a outros aspectos da sociedade.
Talvez haja mais espírito cívico, mais voluntários a ajudar idosos ou grupos ameaçados pelas novas ondas do vírus. Maior respeito por quem trabalha no serviço público ou pelos profissionais de saúde, heróis indiscutíveis no combate à pandemia. Poderemos, numa visão otimista, rumar para um mundo em que a ameaça comum do vírus acabe por gerar mais união em vez de divisão. Continue reading 
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