Executiva do PT Pernambuco rebate decisão da Nacional sobre Marília

Foto: Arthur Marrocos
Em mais um capítulo das disputas internas do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco, a Comissão Executiva Estadual se posicionou contra a decisão tomada pelo Diretório Nacional em oficializar a pré-candidatura da deputada Marília Arraes no Recife. A legenda faz parte dos governos socialistas, e grande parte dos dirigentes defende o apoio a João Campos (PSB).
Confira a nota completa:
  1. A Comissão Executiva Estadual (CEE) do PT de Pernambuco se reuniu, no dia de hoje, para debater a Resolução do Diretório Nacional da última sexta-feira, dia 13, relativa às candidaturas a prefeituras das capitais nordestinas, com o objetivo de avaliar os impactos internos e externos causados pela citada decisão, bem como para deliberar sobre encaminhamentos que norteiem a atuação da Executiva Estadual.
  2. A nossa primeira decisão foi relativa à nossa reação crítica à forma, ao processo e ao prazo da citada decisão nacional, que desconheceu os acordos com o GTE Nacional, bem como os ocorridos durante reunião, em São Paulo, entre o ex-presidente Lula e a presidenta Gleisi Hoffmann, com o presidente Estadual do PT Pernambuco e do Diretório Municipal do Recife quanto ao calendário para o debate da tática eleitoral pela militância e pela base partidária no Diretório Municipal do Recife e no conjunto do estado. De fato, a decisão rompeu com os acertos havidos e, por consequência, dificultou o diálogo em curso, internamente no PT/PE e junto aos partidos aliados.
  3. A tática eleitoral em 2020 se relaciona a todo o estado e não apenas ao Recife, embora a capital seja um fator estratégico para a política do PT/PE no estado e, obviamente, para a estratégia nacional do nosso partido. Por isso mesmo, a precipitação na decisão nacional tensionou a unidade interna e a harmonia com os partidos aliados, gerando duros impactos, que vamos tentar administrar para reduzir danos, sendo essa a segunda decisão na reunião da CEE.
  4. A Direção Estadual do PT vem conduzindo um amplo processo de debate com os diretórios municipais pernambucanos, inclusive com o do Recife, com as nossas lideranças estaduais e forças políticas e com os movimentos sociais. Esse ciclo interno preparava o diálogo com os partidos aliados sobre as posições e alianças possíveis de serem construídas em todo o estado. Também, esse diálogo foi afetado pela decisão nacional fora do prazo e do roteiro consensuado conosco.
  5. Temos sintonia plena com a visão nacional de que as eleições de 2020 têm um papel fundamental no enfrentamento das forças ligadas ao governo de extrema-direita e com a reação articulada frente às suas evidentes tentativas de golpear a democracia e as instituições brasileiras, bem como de suprimir conquistas históricas do nosso povo e de sacrificar a soberania de nosso País.
  6. Também concordamos que o Nordeste e a natureza combativa e progressista do povo nordestino desempenham um papel essencial nessa luta. Entretanto, como reconheceu o item 04 da Resolução do DN, a vitória sobre as forças fascistas exige uma unidade nacional com partidos e com movimentos sociais do campo popular, democrático e progressista.
  7. Assim, com todo o respeito ao nosso DN, não podemos permitir que essa unidade seja prejudicada por decisões internas unilaterais, sem atentar para os processos de diálogo, de transições e de construção progressiva, seja internamente ao PT, seja externamente com os aliados, em todo o País e, também, em Pernambuco. Com efeito, as ameaças ao povo brasileiro não poderão ser vencidas por nenhuma força progressista isoladamente e isso demanda articulação e entendimentos, não apenas no plano nacional, mas em especial nos municípios e nos estados.
  8. Diante disso, nos preocupa que a decisão do DN não tenha considerado os efeitos causados às dezenas de candidaturas a prefeituras e às câmaras municipais em todo o Pernambuco, que são indispensáveis ao fortalecimento do nosso Partido e que, em sua ampla maioria, vêm sendo construídas através de diálogos e de entendimentos com diversos partidos do nosso mesmo campo político. Além disso, discordamos da adoção de dois pesos e duas medidas na resolução ao decidir, no item 03, acompanhar o processo de definição das candidaturas em 05 capitais nordestinas e, no item 02, definir nomes em 03 outras capitais, dentre elas no Recife. O que justifica isso ? Achamos estranho e gostaríamos de informações para esclarecimentos da nossa base.
  9. Com essas preocupações e atenta à sua tarefa de coordenar a construção da tática eleitoral para todo o estado, e não apenas para a Capital, a Executiva Estadual se posiciona perante o Diretório Nacional com preocupações e posicionamento crítico sobre a forma e sobre o processo que levou à decisão do último dia 13, com seus duros impactos nas relações internas e externas do PT-PE.
  10. Dessa forma, apoiamos a decisão do Diretório Municipal do Recife de realizar o Encontro Municipal na data anteriormente marcada, para que os filiados e dirigentes possam exercer o seu protagonismo de debater e de decidir sobre a tática eleitoral que contemple a maioria para as eleições de 2020 no Recife.
  11. Vamos também retomar o diálogo com as direções estaduais dos partidos aliados para discutir os efeitos da decisão nacional e, em especial, para avaliar o quadro eleitoral e político no conjunto dos municípios pernambucanos, definindo os locais e as condições nas quais as alianças serão possíveis.
  12. Por fim, entendemos que o Diretório Nacional deverá volta a discutir de forma definitiva o processo de candidatura própria em Recife, depois do encontro Municipal, pois, caso contrário, poderemos enfrentar um esfacelamento sem tamanho no PT em Pernambuco a ponto de comprometer nosso projeto político em todo estado. E, nesse sentido, não vamos assumir sozinha essa responsabilidade.
Recife, 16 de março de 2020
Comissão Executiva Estadual