A Rádio FLORESCER chega aos vinte anos com status
de grandeza. Grandeza produzida fio a fio durante todos esses anos.
Inicialmente há um sentimento de saudosismo, e de dever cumprido, mas não é o
primeiro e muito menos deve ser o segundo que devem nortear a jornada da
Emissora.
O sentimento de saudosismo deve existir no
imaginário e na subjetividade, porque a Rádio é humana. Humana por que formada
por humanos. E estes chegam e passam. Nesse aspecto, especificamente, é um
saudosismo saudável, salutar e necessário.
O segundo, sentimento – a certeza do dever
cumprindo –, não o é, porque rádio não tem fim. Tem finalidade. E a finalidade
da FLORESCER é servir. Servir à população de Flores, e por extensão às de
Triunfo, Princesa Isabel, Calumbi e Carnaíba. A primeira porque foi aqui que
ela foi instalada e com o objetivo de servir a essa população. Às demais,
porque ela abrange parcelas populacionais de ambas.
Mas a finalidade de servir é maior do que apenas
“servir ao povo”. A FLORESCER foi gestada para servir ao desenvolvimento de
Flores. E isso ela faz com maestria. É o primeiro grande veículo de comunicação
de massa do município. Todos os outros vieram depois. E alguns vieram por causa
dela. E deveriam vir sim. Porque a Emissora nunca teve a pretensão de ser
única. Ela foi gestada para expandir a comunicação e não para monopolizar.
A FLORESCER está no ar com o propósito de fazer o
município de Flores crescer em todas as esferas: seja na política, na economia,
na cultura, no lazer, na religião, na unidade entre os povos. Seja na
aproximação das pessoas.
Sua cultura é pautada na mesma cultura da Rádio
Pajeú de Afogados da Ingazeira. Ou seja, ser a emissora de aproximação das
pessoas. As de perto entre si. As que estão distantes, de reencontro. Hoje, a Grande
Emissora do Pajeú é sessentona. A FLORESCER chega aos vinte. Portanto, quarenta
anos mais jovem. Mas com o mesmo propósito. E não poderia ser diferente, porque
o criador desta foi um dos propulsores daquela. Daí a proximidade.
A FLORESCER surge em período de estabilidade
política no município, mas se torna o embrião de uma sociedade que precisa se
desenvolver nos campos econômico e social. Vale nesse sentido duas alusões
primordiais: a primeira, ao comércio de Flores, que sempre deu importância ao
projeto da Rádio. Deu e continua dando. Dos cerca de cem anunciantes da
Emissora atualmente, pelo menos vinte contribuem desde antes de ela entrar no
ar.
A outra alusão é ao segmento religioso e político. As
instituições religiosas e doutrinárias de Flores sempre conseguiram conviver
harmoniosamente dentro da Emissora. Sempre respeitaram a isonomia da Rádio e as
particularidades umas das outras. Do ponto de vista político, alguns percalços
sempre ocorreram no relacionamento, mas nada que viesse a comprometer
efusivamente a existência da Instituição Rádio.
Nos seus vinte anos, a FLORESCER chega renovada,
mas sem perder o brio de quando ela surgiu lá atrás, ainda no ano de 1998. E
aqui cabe uma ressalva: o que se comemora no dia 5 de dezembro é a data em que
a Emissora entra no ar pela primeira vez. Mas sua gestação começou um ano e
oito meses antes, no mês de abril de 1998, na Casa Paroquial de Flores, quando
Padre Assis, reuniu um grupo de representantes de entidades sociais, políticas,
econômicas e religiosas, para implantar na cidade um sistema comunitário de
rádio, baseado no projeto desenvolvido pela CNBB – Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil –, que foi expandido em âmbito nacional.
Os trâmites seguiram a passos lentos: formar uma
associação própria, sensibilizar o comércio e encontrar um local para instalar
o transmissor. Este último foi o passo mais demorado e difícil, até que se
encontrou no coração da cidade um lugar apropriado. Onde a Rádio funciona até
hoje.
Vinte anos mais tarde, a Rádio está totalmente
rejuvenescida. Seu corpo de voluntários tem uma média de idade em torno de
trinta anos. Assim como também está rejuvenescido o espaço da Emissora. Uma
recuperação total do prédio foi feita para dar melhor qualidade ao espaço Rádio
e garantir a manutenção dela por muito mais tempo. Também a estrutura interna
funciona em perfeita sintonia. De forma harmônica, todos os integrantes que
nela trabalham agem para manter a sobriedade, a qualidade de som e programas e,
sobretudo, a marca principal da Emissora: a independência harmoniosa que nutre
com todos os segmentos sociais da Instituição.
A Rádio só existe porque, os que a mantêm no ar,
sabem dos princípios que a norteiam. E não deixam que qualquer resquício de
desordem desfaça o que foi projetado há vinte anos.
Aparentemente, parece esquecido o principal fator
de sua existência: O POVO. Mas esse não foi esquecido não. Porque um veículo de
comunicação só existe se existirem pessoas que o ouça. E a FLORESCER têm
ouvintes assíduos desde o primeiro dia que entrou no ar. Essa marca não é
apenas emblemática, ela é histórica. Muitas pessoas cresceram e outras até
envelheceram junto com o crescimento da FLORESCER. O POVO É A BASE DA EMISSORA.
E, incontáveis vezes saiu em sua defesa. Mas a defesa maior é quando alguém
liga o rádio e sintoniza na 87,9. E têm pessoas que fazem isso há vinte anos,
diuturnamente.
Por isso, a FLORESCER existe. Por isso, ela está no
ar e segue o mesmo preceito a tanto tempo. Porque o povo que a ouve aprendeu a
ser exigente e a cobrar. Cobrar sem criticar. Sem denegrir. Sem querer destruir.
Não poderia terminar esse Artigo sem um pingo de
saudosismo, porque ele existe. Se fôssemos lembrar todos os que já passaram
pela FLORESCER e dela saíram, muitas pessoas deveriam ser lembradas. Mas serão
lembrados aqui, exclusivamente aqueles que se foram um dia e não irão voltar.
Os ouvintes da FLORESCER, como Augustinho da Pio XI, em quem se saúda todos os
ouvintes da Emissora, vivos ou falecidos. E Jonas Ramos: essência do que sempre
foi esta Emissora. Do que ela significa para o povo florense. Um rapazinho que
entrou na FLORESCER como todos os que estão lá atualmente, e dela fez sua
morada. E quando saiu, de volta para o Reino Definitivo, deixou plantado um
sentimento de vazio naqueles que o conheceram, pessoalmente ou pela voz. São
pedaços da FLORESCER que estão espalhados por aí, pelo mundo. Nessa ou na outra
esfera. E que não se apagam nunca.
Se uma única palavra deve resumir toda a essência
desses vinte anos da FLORESCER, esta é: CHEGAMOS.
E se CHEGAMOS, não podemos parar aqui, porque essa
é uma estrada sem volta e sem parada, é uma estrada infinita, que trilha o
caminho do desenvolvimento de Flores em todas as suas esferas: cultural,
política, econômica, religiosa, social.
Assim é a FLORESCER, uma Emissora que deve
continuar “FALANDO DO CORAÇÃO DA CIDADE PARA O CORAÇÃO DO POVO”. Sempre!
*É sócio fundador da Associação Cultural FLORESCER – FM.