Abreu e Lima lota Câmara em noite de autógrafo

Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, também foi palco, ontem, de uma concorrida noite de autógrafos dos meus livros Perto do coração e Reféns da seca. O plenário da Câmara de Vereadores ficou apinhado de gente, numa cerimônia aberta pelo presidente da Casa, Fábio Henrique (PSDB), que falou em nome de todos os vereadores.

Anfitrião, o prefeito Pastor Marcos José da Silva (PSB), que mobilizou boa parte da sua equipe, formada por alguns auxiliares que já conhecia, como Valério Silva e Felipe Cabral, o primeiro integrante por muito tempo da diretoria da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP), aproveitou a ocasião para fazer um desabafo sobre a grave crise que os municípios enfrentam em consequência de cortes de recursos e dos escândalos envolvendo o Governo Federal.
Eleito pelo PT e candidato à reeleição, Pastor Marcos se filiou recentemente ao PSB e disse que, apesar das dificuldades que são comuns a todos os municípios brasileiros, tem conseguido executar projetos geradores de emprego e renda. E aproveitou para fazer um desabafo, afirmando que a oposição tenta atribuir a ele todos os males de uma conjuntura adversa que não é exclusiva de Abreu e Lima, mas de todos os municípios.
“Os municípios sofrem tenazmente porque a União tem praticado uma política injusta e desumana, que com o tempo levará à falência todos os municípios mais frágeis, dependentes de transferências da União. Ao invés de ajudar os municípios, o Governo corta repasses institucionais e aumenta em contrapartida as responsabilidades fiscais, isso sem contar com o endividamento previdenciário. Estamos vivendo, hoje, um momento do salve-se quem puder”, afirmou.

Encontrei na plateia muitos leitores do blog, ouvintes do Frente a Frente, profissionais liberais, professores da rede municipal e até pessoas que se deslocaram de cidades vizinhas, como Paulista e Araçoiaba. Entre os vereadores, Marcos Aurélio, Natalício e Hebert, além do ex-vereador Soldado Zeferino, que, paradoxalmente, teve a maior votação no município, mas não foi eleito por causa do famigerado voto de legenda.
Abreu e Lima foi desmembrado do município de Paulista em 14 de Maio de 1982, através da lei Estadual nº 8.950. A área onde o município está localizado começou a ser povoada por Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, quando dividiu a capitania em sesmarias no ano de 1535. Em 1548, o almoxarife-mor de Pernambuco, Vasco Fernandes, fundou o Engenho Jaguaribe, dando início ao povoado que deu origem ao município.
Pela Lei Estadual n° 421, de 31 de dezembro de 1948, o distrito de Maricota recebeu o topônimo de Abreu e Lima em homenagem a José Inácio de Abreu e Lima, notável político, escritor, jornalista e general, o "Inácio pernambucano", que lutou quatorze anos ao lado de Simón Bolívar, um dos heróis da independência da Venezuela.
Nas terras do município, na época povoado de Maricota, se deu no dia 10 de novembro de 1848 a primeira batalha da Revolução Praieira, que havia sido deflagrada três dias antes na cidade de Olinda. O distrito foi criado pelo Decreto-lei Estadual n° 235, de 9 de dezembro de 1938, pertencendo ao município de Paulista (Pernambuco), a povoação ganhou o nome de uma senhora, dona Maricota, muito bem relacionada entre os habitantes locais e proprietária de um estabelecimento de serviço de alimentação.
Durante anos o povoado foi um local acolhedor, principalmente para homens de negócios que ali paravam para refeições ou pernoite. O município foi emancipado em 1982, através do voto popular em plebiscito realizado ao dia 9 de maio daquele ano, após 400 anos sob o domínio político e administrativo de Igarassu, e outros 47 subordinados à cidade de Paulista, o que se tornou realidade no dia 14 de maio de 1982 após assinatura do decreto que também emancipava os distritos de Itapissuma e Camaragibe.

A Lei Estadual n° 4.993, de 20 de dezembro de 1963, elevou o distrito à categoria de município, o qual foi extinto em 27 de agosto de 1964 pelo Acórdão do Tribunal de Justiça, mandado de segurança n° 56.889. Em 14 de maio de 1982 a Lei Estadual n° 8.950 elevou novamente Abreu e Lima à categoria de município, desmembrado de Paulista, com sede no antigo distrito, tendo sido instalado em 31 de março de 1983.
Abreu e Lima é o município brasileiro com maior percentual de habitantes evangélicos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 35% dos 97 mil habitantes frequentam igrejas evangélicas. O número expressivo motivou a criação da Lei Municipal 632, em 2008, que fixa 31 de outubro como feriado, o Dia da Consciência Evangélica.
O município tem em seu sítio arqueológico as ruínas da Igreja de São Bento, no engenho Jaguaribe. No engenho Utinga afirma-se ter-se escondido Frei Caneca quando da derrota na revolta conhecida como Confederação do Equador em 1824. Hoje, estudos arqueológicos estão sendo feitos no local, já tendo sido encontrados vestígios da passagem dos holandeses nas terras de Pernambuco, na cidade de Abreu e Lima.

Magno Martins